TRAJETO
O nosso trajeto começa na Praça 7 de Setembro, segue pelo calçadão leste da Rua dos Carijós, converge na Rua Espiríto Santo, segue na Av. Afonso Pena no sentido para o Parque Municipal até o lote triangular entre a avenida, a Rua dos Tamóios e a Rua Bahia. Então, passamos pela galeria da passagem Y e seguimos pelo Viaduto Santa Tereza, findando o percurso na Serraria Souza Pinto.
PRIMEIRO TRAÇADO URBANO DE BELO HORIZONTE
Todo esse contexto, foi dado para que pudéssemos chegar ao nosso primeiro ponto do trajeto, a Praça Sete de Setembro. Temos, em suma, que ela foi desenhada por Aarão Reis no final do século XIX, o local já se chamou Praça Doze de Outubro. Mas, em 1922, o nome Praça Sete de Setembro tornou-se oficial, em função das comemorações do centenário da Independência do Brasil.
ESTRUTURA DA PRAÇA SETE DE SETEMBRO
Ela foi construída sendo um ponto de interseção entre as ruas Rio de Janeiro, Carijós e as avenidas Amazonas e Afonso Pena.
O aspecto aéreo observado na fotografia, ocorre devido a um tipo comum de esquina no sistema de grelha, em que é possível observar oito fachadas diagonais, que ampliam cada intersecção, formando a Praça Sete de Setembro e propiciando um alívio diante da monotonia das ruas e avenidas compridas.
Nesse sentido, há oito construções que circundam a praça, em cada um de seus pontos. Os edifícios têm uma conformação triangular que acompanham à malha urbana e a disposição deles dirige a atenção para o centro da praça, o qual está localizado o Obelisco da Praça Sete de Setembro. A maioria dos oito edifícios que circundam a Praça Sete, possuem muitos vidros em suas fachadas, o que é bom pois aumenta o contato de quem está dentro deles com o exterior. Outro fator é que a fachada de alguns dos prédios antigos do entorno da Praça Sete de Setembro supõe uma organização interior dividida em diversos setores, no entanto, não são assim por dentro, reduzindo as fachadas a uma mera decoração urbana. Ademais, a falta de “intervalos” entre a portaria deles e a rua compõe uma demarcação rígida entre as áreas com diferentes demarcações territoriais.
O OBELISCO DA PRAÇA SETE DE SETEMBRO
O obelisco da praça Sete é um marco comemorativo dos 100 anos da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. O monumento foi lançado em 7 de setembro de 1922, na confluência das avenidas Afonso Pena e Amazonas, local considerado o marco zero da cidade.
As diferenças de níveis, presentes no monumento, são “apossadas” em diversas situações no cotidiano. Na apropriação mais comum, as pessoas se sentam em sua base, normalmente grupos de amigos, para dialogar, o que cria um contraste em meio a grande movimentação existente no local todos os dias. Em outras situações, como protestos, os níveis mais altos servem como palco, para que a multidão ouça os apelos do grupo que reivindica algum direito, ou seja, representantes do grupo, sobem até o degrau mais alto da estrutura e fazem um apelo ao público diverso para que seus direitos sejam garantidos. Já em comemorações, como o carnaval e futebol, a praça é tomada por multidões que se divertem ouvindo as marchinhas carnavalescas ou comemorando a vitória de seu time.
O ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO AO REDOR DA PRAÇA
Os corrimãos que circundam a praça, além de sua função principal de evitar acidentes, servem como apoio para mercadorias, como um local para as pessoas se apoiarem enquanto esperam o sinal abrir, como um local para apoiar bicicletas, dentre outras funções, ou seja, são uma forma polivalente, que possibilitam diversos usos sem a necessidade de mudar a estrutura original.
O calçadão leste da Rua dos Carijós é um trecho exclusivo para o trânsito de pedestres. Ele representa uma boa articulação entre o espaço público e o espaço privado por meio dos comércios que utilizam a rua para colocar mesas e cadeiras. Nessa situação, podemos ver a relativização entre público e privado e como isso muda a percepção do usuário sobre a responsabilidade de manutenção desses lugares.
RUA ESPÍRITO SANTO
No quarteirão da Rua Espírito Santo é possível observar outros aspectos que se relacionam com o livro. Ao falar do espaço habitável entre as coisas, Hertzberger chama atenção para as irregularidades da cidade que ganham novos usos e articulações através da vivência cotidiana. Assim, qualquer superfície plana disponível tende a ser usada como bancada, apoio, assento ou encosto, explorando ao máximo as possibilidades de uso desse espaço. Contudo, ele também diz que, muitas vezes, esses novos usos cotidianos desagradam e, por isso, são desenvolvidas maneiras de evitá-las, o que seria a chamada Arquitetura Hostil, ainda que ele não use essa expressão no livro. Isso pode ser observado na seguinte superfície no cruzamento entre o calçadão e a Espírito Santo.
O viaduto em si é o início de uma área(Praça Rui Barbosa,
Boulevard Arrudas) com pouco aproveitamento dos espaços.
A saída do ponto em Y traz duas questões relacionadas ao livro muito interessantes. A primeira é que a estimulação da influência do usuário para que ele se envolva se necessário no espaço e como isso está fortemente conectado ao grau de acesso do espaço. A saída do ponto em Y funciona, apenas, em horário comercial, então os usuários são privados desse acesso quando os portões de grade de fecham e de certo modo a pichação demonstra essa revolta, a falta de envolvimento porque não houve uma afeição desenvolvida. A segunda questão é que um indivíduo precisa de algo privado(meu) tanto quanto do grupo, mas quando ele não tem isso, não há colaboração com os outros. “Se você não tem um lugar que possa chamar seu, você não sabe onde está!”, logo não sente responsabilidade sobre aquilo.
O livro aborda muito a questão de projetar espaços onde as pessoas se sintam pessoalmente responsáveis por eles trazendo aspectos onde elas possam se relacionar e criar conexão com esse espaço. Em Belo Horizonte falta muito dessa trama de um ponto de vista projetista. Tanto que o entrelaçamento entre urdidura e trama muito das vezes só acontece por ser forçado a passagem. O grafite reflete muito isso, ele é reflexo do povo, como um grito a muito ignorado, é como parte da população se força a ser ouvida por aquales que querem ignorá-la. O espaço “produz um sentimento generalizado de alienação”.
“O tema estrutural correto não restringe a liberdade, mas
conduz à liberdade!” Esse prédio à esquerda do início do viaduto é um exemplo
de dois sistemas em condições de liberdade um do outro. Uma gradação de
demarcação territorial acompanhada pela sensação de acesso.
A primeira coisa que veio à mente ao olhar essa imagem foi
polivalência e como aqui ela poderia ter funcionado de modo mais amplo. Pois,
apesar dela provocar reações específicas, elas não estão adequadas a situação. Não
há um acesso direto para o gramado lá embaixo, não há incentivo de uso a esse
gramado(ele foi deixado de modo muito flexivel).
SERRARIA SOUZA PINTO
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